O consumidor consciente se tornará cada vez mais responsável
O triple bottom line , também chamado de tripé da sustentabilidade, corresponde aos resultados de uma organização medidos em termos sociais, ambientais e econômicos. São medições de caráter voluntário, apresentados nos relatórios corporativos das empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável.
Atualmente, na Europa Ocidental, 68% das multinacionais fazem este tipo de relatórios e, nos Estados Unidos, mesmo a percentagem sendo menor (41%), tem um crescimento vertiginoso.
Esta realidade vem da percepção de que em um futuro imediato o consumidor/ ciente se tornará cada vez mais responsável e exigirá saber qual é o impacto econômico, ambiental e social que geram os produtos/ serviços provenientes da sua compra.
O conceito foi criado em 1990 por John Elkington, cofundador da organização não governamental internacional Sustain Ability e explorado no livro People, Planet, Profit de Peter Fisk.
Vivemos em uma época de mudanças sem precedentes. Nos negócios enfrentamos os desafios e oportunidades que são mais críticos e complexos do que nunca, onde as consequências do fracasso são inimagináveis, e o impacto de nossas decisões são sentidos instantaneamente em todo o planeta. A mudança está em nosso entorno e vem para reforçar que só podemos sustentar os nosso modo de vida com novas ideias, novos comportamentos e novos equilíbrios.
Quando falamos sobre Pessoas, Planeta e Lucro nos referimos a oportunidades de negócio, melhoria operacional e vantagem competitiva, pois de fato, um impacto positivo sobre as pessoas e o planeta é, cada vez mais, a melhor fonte de crescimento rentável.
Pessoas, Planeta e Lucro, trata-se de mover os problemas de sustentabilidade da periferia para o coração do negócio. Ela exige que os líderes empresariais repensem questões estratégicas fundamentais, como por exemplo, por que nós existimos, onde devemos concentrar-nos, como nós somos diferentes, e por isso que as pessoas vão escolher trabalhar para nós ou e investir no nosso negócio.
Tradicionalmente as empresas mantêm um forte foco em fatores que têm um efeito claro e direto sobre seu desempenho econômico. Isso geralmente é avaliado pelos relatórios que trazem os resultados financeiros, tais como, o custo dos materiais e despesas gerais, quantidade de vendas e margens de lucro. Cada vez mais as empresas estão tendo uma visão mais ampla e considerando a sua relação interna, com o meio ambiente e com a comunidade.
O Triple bottom line destina-se a promover a sustentabilidade nas práticas de negócios. As três medidas incluem:
PESSOAS – Sustentabilidade social diz respeito às atividades que mantêm relacionamentos mutuamente benéficos com funcionários, clientes, comunidade e ONGs.
PLANETA – Sustentabilidade ambiental diz respeito às atividades que consideram o impacto do uso de recursos, substâncias perigosas, resíduos e emissões no ambiente físico.
LUCRO – Atividades de sustentabilidade econômica focam na eficiência dos negócios, pagamento de contas, impostos, produtividade e lucro.
As pessoas e o planeta
Os desafios sociais e ambientais são conhecidos e numerosos: 3 bilhões de pessoas não têm acesso a água limpa, 800 milhões passam fome e 10 milhões de crianças morrem antes de completar cinco anos.
Todos os anos, nós destruímos 44 milhões de hectares de floresta, criando um desequilíbrio crescente na maneira que a natureza produz e absorve o dióxido de carbono. Nós perdemos 100 milhões de hectares de terras agrícolas, com o corte de árvores, desviando a irrigação natural e criando 15 milhões de hectares de um novo deserto ao redor do mundo. Nós emitimos 8.000 milhões de toneladas de carbono em nossa atmosfera, apenas 3 bilhões de toneladas podem ser reabsorvidos. Usamos 160 bilhões de toneladas a mais de água por ano do que está sendo reabastecido pela chuva.
Como resultado destes danos, o clima vai esquentar 2 a 3 graus até 2050, mais de 200 milhões de pessoas se tornarão refugiadas devido a inundações e secas. Financeiramente os créditos dos seguros vão aumentar em 320.000 milhões de dólares devido a tempestades e inundações. O desmatamento vai reduzir o rendimento das culturas em toda a África em 33%, aumentando a fome. E um aumento de 5m metros no nível do mar, causado pelo derretimento das calotas polares, acabando com muitas áreas costeiras.
Desafios e oportunidades
Os desafios são complexos. Buscamos reverter a mudança climática, conservação da água e aliviar a pobreza. Também nos preocupamos com outras questões, tais como, os direitos humanos, comércio justo, ética, e apoio às comunidades locais. Além é claro do nosso próprio bem-estar e felicidade.
Sendo assim, o “verde” não é o suficiente, o novo mundo dos negócios exige “céu azul” para as ideias que se abrem para novos “oceanos azuis” de oportunidade, e redesenham os planos para prática de negócios.
Não se trata apenas de reduzir, reciclar e reutilizar. Trata-se de repensar!
Pessoas, Planeta e Lucro é uma abordagem que exige novos sistemas de pensar, novas medidas de desempenho, e também, a visão e a coragem dos líderes de negócios. Apesar de algumas mudanças serem vistas como uma ameaça, outros aproveitam as novas oportunidades.
É hora de pensar e agir de forma diferente. É hora de parar de viver no passado e pensar no futuro. Negócios não são máquinas, são sistemas dinâmicos que vivem, adaptam-se e crescem.
“Pessoas, Planeta, Lucro” por Peter Fisk