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Foto: Joe Raedle / Getty Images

O mundo como um círculo perfeito: a economia circular mudará o planeta

Ilhas enormes flutuantes de lixo nos oceanos, representações grotescas da civilização hiperconsumista

Todos os anos, centenas de aterros sanitários, com áreas de dezenas de hectares,  estão cheios até a borda. No lugar, existe uma abundância de resíduos gerados pela humanidade que aumenta a cada dia. Independente do tempo, da hora ou mesmo do preço, nós nunca vamos sair do ciclo de consumo. Estamos condenados nesse círculo infernal até que entre em colapso – destruídos pelo nosso próprio desperdício.

Observando os especialista, eles dizem que estamos em uma nova era, rumo a um novo conceito para uma nova fórmula de vida: a economia circular.

Do outro lado, a economia de hoje, em que todos nós vivemos, é em grande parte do tipo linear: são recursos naturais não renováveis, explorados com o propósito de extrair matérias-primas para a confecção de produtos acabados,  que utilizamos e depois jogamos fora, desperdiçando assim materiais preciosos,  como também a preciosa energia utilizada para obter o mesmo, além do trabalho humano que envolve a produção desses itens. E uma vez lançada, começa a gerar um novo problema, que para resolver exigem outras matérias-primas, mais uma boa quantidade de energia, outro trabalho.

Em algum lugar, antes de jogá-lo no lixo, algo interfere – uma ação que muda o destino (destino?) de resíduos, levando-os para um novo propósito: um novo processo de fabricação, tornando-se matéria prima para outro produto. Em outras palavras, temos de lidar com a reciclagem de materiais já reciclados, não pense que tudo está perfeito, que o processo acaba por ai.
Reciclagem, como um conceito teórico e até mesmo na prática, é algo insignificante, como pouco do que você poderia fazer. Em teoria, quando chegar a 100%, vamos estar vivendo em uma economia circular tão sonhada. Parece uma ideia nova e ousada, mas na verdade não é! As famílias rurais individuais que viviam 100 anos atrás, já praticavam a economia quase circular. Não jogavam fora quase nada. Cada resto… alguma coisa, qualquer coisa, foi usado. Roupas velhas (na época, nossos pais tinha poucas roupas) tornou-se panos de limpeza ou eram aproveitados de alguma outra forma. Papéis foram usados para todo tipo de finalidade, conchas descartadas tornou-se alimento para aves e finalmente, em decomposição, era transformado em adubo (fertilizante de plantas). Cada pedaço de madeira, encontrava um fim, sua última possibilidade, até mesmo o fogo. A maioria dos materiais utilizados na época eram biodegradáveis, então, eventualmente, como tudo está voltando à natureza, sem dano – um círculo quase perfeito. Em seguida, veio os plásticos. Sem negar a sua importância em qualquer cultura tecnológica de hoje, não podemos falar sobre o seu lado obscuro: como acumula na natureza, dura milênios (não sei exatamente como, porque vivemos com eles muito pouco tempo), fragmentos gradualmente se tornam menores, mas sem nunca desaparecer completamente.

E depois dos plásticos, veio o consumismo – e com dois lados: muitas pessoas passaram a ter o que seus pais sonharam ter, o desejo de milhares de coisas mais baratas e mais rápidas, trazendo mais e mais conforto, em contra partida pagamos um preço enorme por isso. Muitos não percebem realmente o preço pago pelo conforto. Tudo que você compra é representada por um lado, e, por outro lado, o impacto ambiental. Um projeto ideal, seria o estilo “não lixo”, aquela casa rural de um século atrás que aproveitava tudo. Mas aquilo era um pouco pequeno, em um mundo dominado por biodegradável. Hoje,  torna-se um grande desafio para o mundo.

Primeiro de tudo, uma economia circular é necessário – não damos conta ainda como realmente é necessário, e como é bom encontrar meios para colocar as coisas nos eixos.

Durante todo ciclo de confecção de um produto, poderia alcançar uma enorme redução de custos de matérias-primas. A economia circular se baseia, na teoria, em alguns princípios simples:

  1. Eliminação – ainda na fase de concepção. Um produto deve ser projetado e otimizado, desde o projeto, para fornecer uma utilidade futura dos materiais contidos nele, do uso final para o propósito original. Os produtos devem ser projetados especificamente para incluir um ciclo de desmontagem e reutilização. No momento em que alcançarmos isso com a maioria dos produtos, vamos estar muito perto de uma verdadeira economia circular. Nessa linha de raciocínio, o que chamamos de design circular, exige a escolha cuidadosa dos materiais utilizados, (não é o único critério de custo), a padronização avançada e a total desmontagem do produto, por fim ter a sua devida reutilização.
  2. Tal abordagem requer uma clara distinção entre os componentes consumíveis e duráveis que compõem um produto. Na economia circular, suprimentos são feitos de componentes biológicos, não-tóxico (se não for ambientalmente útil) e, assim, acabar com o ciclo de uso, podem ser devolvidos à natureza sem consequências negativas para o meio ambiente. Partes sustentáveis, no entanto, tais como componentes de metal, são ótimos para reutilização.
  3. A energia necessária para a fabricação de todos estes ciclos de recuperação/ reutilização, deve vir de fontes renováveis, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis e vulnerabilidade a choques econômicos, tais como aqueles gerados por um aumento repentino dos preços do petróleo.

O que é bom para o ambiente é bom para a economia

Além dos benefícios óbvios associados com a saúde ambiental (e para a saúde dos seres humanos), afinal de contas, a transição para a economia circular representa uma enorme oportunidade para as empresas, um grande benefício para as economias do mundo.

Se o século XX foi marcado por uma redução no preço global determinada pela eficiência da produção em massa, através do acesso a novas tecnologias. Já o  século XXI oferece uma perspectiva diferente: aumento dos preços globais, impulsionados pelo aumento do preço dos recursos e uma crescente demanda por produtos e serviços de uma classe média em ascensão. Tudo foi e voltou: a diminuição da pobreza em um grande número de habitantes de países em desenvolvimento é, sem dúvida, uma coisa boa, mas elevar o padrão de vida, com uma crescente demanda por bens, se traduz em um grande aumento na demanda por recursos necessários para atingir esses bens. Até 2030 espera-se que 3 bilhões de novos membros da classe média vão entrar no mercado de produtos e serviços, gerando um enorme aumento da demanda, seguindo de algumas conclusões lógicas e sensatas: por exemplo, para tirar proveito de economias em custos de material, é claro que as empresas devem aumentar significativamente a taxa de coleta para reutilização de produtos usados e seus componentes. E isso está funcionando. Exceto para a indústria automobilística, poucas indústrias não conseguem atingir uma taxa de reutilização de 25%, o que significa que é mais de três quartos dos que essas indústrias produzem.

A transição para a independência, é importante e deve incentivar a transição da humanidade a partir da economia circular seria um bom negócio. Por quê? Porque tornaria as coisas mais previsíveis e planejadas, como a reutilização da energia em vez dos combustíveis fósseis e ou os materiais recuperados a partir da coleta seletiva, etc. Essa independência, acabaria com os problemas de volatilidade dos preços, como os economistas chamam de flutuações bruscas, por vezes, preços imprevisíveis e até mesmo nocivos aos recursos, o petróleo é um bom exemplo.

O aumento de preços pode ocorrer a qualquer momento, muitas vezes em meio a política aplicada, um aumento do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais acontece da seguinte forma: aumenta o preço da gasolina e do diesel, o transporte de mercadorias fica mais caro, seguido das matérias-primas para sua produção e no final os produtos ficam tão caros. E levando em conta o número de produtos que hoje são feitos a partir de derivados de petróleo, muitos outros cenários como este acontecem a todo momento – e que o nosso mundo é no momento dependente – sofrem de alterações de preços. Um outro exemplo são os chamados metais de “terras raras” (ou elementos de terras raras – “terra” com sentido de minérios). São produtos químicos necessárias no complexo de processos industriais representando o mundo moderno: a produção de lasers, ímãs, carros híbridos, catalisando os processos de refino de óleo, etc.

Um exemplo sobre a reutilização de materiais: O custo de fabricação de um telefone celular, recuperado componentes, poderia ser reduzido em 50% por unidade, se essas empresas implantasse o projeto desde o começo, um modo mais fácil de desmontar os aparelhos e melhorarem os processos de recuperação de materiais e reutilizá-los. E se eles oferecem incentivos (financeiros) para devolver os telefones celulares utilizados pelo usuário. (E, assim, a economia circular se estenderia em benefícios e as finanças pessoais de cada um de nós.)

É hora de passar para um novo nível. Adotar a atitude necessária para otimizar os esforços, não para perpetuar a transição, mas para acelerar, pois, tempo perdido é o mesmo que perder dinheiro. Agora é o momento certo para arregaçar as mangas.

A transição para a economia circular deve ser visto como uma oportunidade econômica, oportunidade de negócio, uma forma melhor, que oferece benefícios substanciais sobre eles. Obviamente, é mais fácil dizer do que fazer, mas quando acordarmos e percebermos o grande potencial de tais mudanças, vai valer a pena o esforço.